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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A VERDADEIRA PERDA



(publicada no Jornal gazeta na coluna PAPO DE NORMAL - www.gazetadigital.com.br)
 
É humanamente impossível passar batida pela morte de Steve Jobs e o que isso significa para o mundo.Na verdade, a minha comoção e pesar não passam pelos macbooks, iphones e ipads do mercado. Pelo menos não diretamente. Não me orgulho de ter um destes. Aliás, não sou tech geek e não costumo adquirir nenhuma tecnologia logo que chega no mercado. Nem Apple, nem nenhuma outra.Admiro Mr. Jobs de longa data. No meu perfil do Facebook, coloquei-o como inspirational person até. É humanamente impossível passar batida pela morte de Steve Jobs e o que isso significa para o mundo.Na verdade, a minha comoção e pesar não passam pelos macbooks, iphones e ipads do mercado. Pelo menos não diretamente. Não me orgulho de ter um destes. Aliás, não sou tech geek e não costumo adquirir nenhuma tecnologia logo que chega no mercado. Nem Apple nem nenhuma outra.Admiro Mr. Jobs de longa data. No meu perfil do Facebook, coloquei-o como inspirational person até. A minha história com ele passa pela minha irremediável atração pelos estudos da personalidade e da inteligência. Não, não sou psicóloga, apesar de já ter desejado ser. Sou metida e curiosa. Atendi a umas poucas palestras e debates sobre o assunto e fiz uma rápida especialização sobre como identificar pessoas de altas habilidades (leiam-se superdotados). A partir daí, identificar possíveis e/ou futuros gênios e gênios desapercebidos virou meu passatempo predileto. Identifico elementos de superdotação em pedreiro, político, segurança do prédio, faço isso pela Tv ou na Internet. Traz-me a satisfação de completar um puzzle!Portanto, nutrir admiração por Steve Jobs e torná-lo um modelo pra mim não seria algo difícil de acontecer.Minha consternação hoje é de se perder a genialidade de quem contrariou todas as regras e padrões, sem medo de errar. Foi um empreendedor nato, ateve-se ao processo das coisas que o levavam ao prazer e à realização pessoal e não à coisa pronta. Enxergou um pouco mais à frente que nós. Como ele mesmo disse, conectou os fatos do presente ao passado, e não só ao futuro. Fugiu ao padrão racional das ciências exatas e falou de amor: reconheceu a importância da mulher que ele amava em sua trajetória e declarou amor ao que fazia! Citou com humildade a metáfora do tijolo que cai em nossas cabeças e nos ensinou a ter força pra nos reerguer depois. E, sobretudo, demonstrou rara genialidade - aquela sem pretensão, aquela honesta e transparente, que se curva ao capitalismo sem perder a humanidade.Sou capaz de admirar os feitos de inteligência de um ser humano como quem passa horas admirando um dia de sol de frente para a praia.E quer saber? A cada dia e cada vez mais me torno fiel seguidora dos preceitos e poderes da Genética e da Ciência como um todo (mesmo com pedaços ainda obscuros). Pois uma mente que funcionava tão positivamente e proativamente como a do Jobs não seria capaz de produzir tal doença fatal. Com suas ideias, ideais e pensamentos, ao contrário, ele deveria ser imortal. Nem religião, nem karma, nem teorias do pensamento podem justificar sua morte - só mesmo a Ciência pode nos dar conta disso!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Tributo ao amor de verdade




Sempre quis escrever sobre um assunto recorrente em meus pensamentos, mas nunca tive coragem. Achava que não seria capaz de me expressar, ou que poderia ser julgada erradamente. Pensava também que poderia parecer hipócrita ou pretensiosa. Temia cair numa enorme colcha de clichês. Não estou certa de que essas coisas não acontecerão, mas sei que hoje me enchi de bravura e resolvi me aventurar a expor meus pensamentos.

Fidelidade é o assunto.

Quando eu era uma menina, entrando na adolescência, comecei a me interessar por rapazes pelo simples fato de estar curiosa e ter os hormônios da idade me impulsionando a experimentar. Não ligava se era namoro ou não, não pensava na importância do compromisso, não queria aliança, nem casamento. Não fazia planos e nem tinha um modelito de vestido de noiva rabiscado. Sabia unicamente que queria ter filhos, pensava em nomes e que queria pessoas interessantes por perto pra compartilhar minhas ideias e perspectivas.
Como a vida não tem a exatidão da matemática, tive logo namoros cheios de compromisso. Casei-me muito cedo e tive filhos sem sequer avaliar muito o tamanho da responsabilidade. Sabia somente que era algo grande que iria ocupar-me e encantar-me. Ou seja, todos aqueles compromissos e planos de futuro que não fiz, acabaram acontecendo em minha vida. E como nada foi muito pensado (confesso aqui certa impulsividade afetiva no estilo vamos-nessa-sem-pensar-muito-no-que-vem-depois), nunca pensei muito no que estava vivendo. Nunca me esmerei muito nas DRs (= Discutir Relação) , pois apesar de achá-las necessárias, no fundo acho-as improdutivas.Não levam a nada. Nunca pensei muito nas tragédias de uma relação, como o sofrimento trazido por uma traição, ou o final gelado de um relacionamento imposto por uma das partes envolvidas. Essas coisas eram pra mim histórias quase fantásticas que eu ouvia de parentes, no trabalho ou no salão de beleza. Jamais considerei a hipótese de vivê-las. A essa altura você deve estar, logicamente, me considerando ingênua ou mesmo alienada. Rótulo bem posto. Provavelmente sou mesmo. Ou, talvez não tenha tido tanto tempo e oportunidade de ter vivenciado situações que me ensinassem mais do que sabia e do que possivelmente sei.

Hoje, me dou conta da enorme gama de opções que existe em um relacionamento. Também me dou conta das inúmeras possibilidades do amor (não que eu saiba de todas, muito pelo contrário) e de suas implicações. Passei a considerar hipóteses sem defini-las ou colocá-las no campo do drama fantasioso. Acho que eu saí do mundo idealizado e comecei a enxergar a natureza humana de maneira mais real. Foi assim que me dei conta da humanidade de certos sentimentos e desejos. Do sentimento de culpa das pessoas quando se sentem divididas, em dúvida, ou quando  hesitam ou oscilam em relação ao que sentem e por quem sentem. Deparei-me com a complexidade e subjetividade do significado da fidelidade.  Ao mesmo tempo em que essa palavra nos remete à ideia de compromisso e firmeza de caráter, a mim, fidelidade lembra transparência - o que torna o tema ainda mais complexo.

O que é ser fiel?  É não trair a pessoa com quem se tem um relacionamento amoroso? E o que é trair? É ter contato físico com alguém diferente do seu parceiro(a)? É beijar, abraçar e fazer sexo com um terceiro? Se for, relacionar-se intimamente com alguém pela internet não é traição, é? E se o seu marido ou mulher deseja vigorosamente alguém a quem admira, em quem pensa, a quem procura pra conversar e com quem ri, mesmo sem um contato físico tão íntimo? Não é traição, é? Mas dói. Dói de imaginar. Então (in)fidelidade é caracterizada por sentimentos e não por fatos concretos? E se o parceiro ou parceira não nos trai, é absolutamente fiel, mas nos dá uma estranha sensação de que está do nosso lado sem querer, desejando estar ao lado de outrem? A fidelidade neste caso vale à pena?

Não estou aqui fazendo apologia aos relacionamentos abertos e incitando ninguém a trair ou a aceitar a traição. Só estou compartilhando questionamentos e tentando dimensionar o que sentimos e o que vemos. Sou pela transparência de sentimentos e atitudes e é por isso que escrevo sobre este assunto. Que equilíbrio delicado este: ser fiel ao parceiro(a) nas atitudes e também nas emoções - ser fiel de corpo e de alma!

O tamanho da traição é o tamanho do nosso sofrimento quando dela sabemos. Bem como a fidelidade (ou infidelidade) tem o tamanho do nosso amor. Disso eu tenho certeza. Como também tenho certeza de que fidelidade e lealdade não são equações aritméticas  e ensejam muitas variáveis. Acho que o primordial é a certeza do sentimento recíproco e do amor correspondido na relação, mesmo que em sintonias diferentes ao longo do tempo. Fidelidade é não enganar. Sim, ser respeitoso e transparente em relação ao outro. E, principalmente, ser leal. Não mentir quanto ao que sentimos pelo outro.
Mas há que se ter cuidado. Quem nunca pisou na bola? Quem nunca se propôs a parar de fumar e roubou um cigarro de alguém? Quem nunca abriu a geladeira pra roubar um doce quando estava sob rigorosa dieta? A traição pode ser acidental e a lealdade ao outro e ao que se sente estar intacta. Não acho que aceitar o erro do outro seja fácil e nem prazeroso. É difícil e bem duro! Mas o fundamental é pesar o que vale mais em nossas vidas e valorizar o que se tem nas mãos. Se não for perfeito, superemos o erro. A vida não se desenrola assim?

Portanto, sem hipocrisias, nem radicalismos, ser fiel é mesmo respeitar quem se ama, viver junto onde até quando houver afeto que sustente a relação e, se houver qualquer tipo de infidelidade, ser capaz de admitir (talvez somente pra si mesmo)  o erro e reconhecer naquela pessoa o objeto do seu amor e da sua dedicação.É ser leal.
Fidelidade é o tributo diário que se faz ao amor de verdade. E recompensa tanto a quem o faz quanto a quem o recebe! Eu garanto!

A INTELIGÊNCIA DE SE LER OS SINAIS

A vida é feita de sinais. Há mensagens que chegam a nós das mais
diferentes formas. Não, não falo de nada que se assemelhe à religião
ou paranormalidade. Falo daquelas nuances corriqueiras que às vezes
percebemos e, em tantas outras, deixamos passar.

Noto isso quando a empregada amarra a cara sem mais nem porquê,
quando o carro fica com um barulho diferente ou quando uma amiga
deixa de ligar pra você, como de costume. São sinais, basta saber
lê-los. Existem também outros tipos de sinais: aqueles "divinais",
aqueles que nos protegem do acaso - aqueles que julgamos fazer
parte do destino. Exemplo? Quando se deixa de pegar o ônibus que
bateu ou o avião que caiu. São os sinais atrasados, aqueles que
entendemos depois.

Existe um terceiro tipo de sinal que muitos insistem em não perceber
ou, quando percebem, teimam em ignorá-lo. Eu os chamo de sinais
do amor próprio.

Vejo muitos seres humanos viverem esse tipo de cegueira em relação
a certos matizes das relações. Mulheres, então, são meus exemplos
favoritos! Há um código claro que nós, mulheres, por querermos que
a relação dê certo, nos proibimos de seguir:

1. Se o seu cara não quer namorar, é porque ele não gosta
o suficiente. Sem mais complexidades. É fato. Quando nos
apaixonamos, jogamos muito pro alto!

2. Se o seu cara é casado, ele não está forçado a nada e, sim,
dividido. O que é um sentimento absurdamente humano - o de
sentir-se dividido entre duas pessoas, dois amores.

3. Se o cara da noitada não ligou pra você, ele não é um cafajeste:
as regras da vida noturna são bem claras - ninguém promete nada
(sequer sabe-se o nome um do outro).

4. Se o namorado não fala em casar, ele não é um mau caráter: ou
ele é um acomodado ao extremo ou não gosta o bastante pra mudar
de vida a tal ponto (possibilidade mais provável).

Seja lá como for, ler sinais é algo fundamental. Não querer ler é
mais fácil e menos doloroso, mas lê-los e interpretá-los corretamente

(cuidado com as distorções!) nos torna menos reféns de nossos
pensamentos. Ler e aceitar o que decodificou é encarar a verdade e
esta, é sempre melhor e mais libertador. Acredite.

domingo, 11 de setembro de 2011

A MOÇA DOS RÓTULOS

Era uma vez uma moça muito curiosa e sagaz que não saía de casa sem a sua sacolinha. Não, não estou me referindo à sua bolsa de mão ou mochila: era mesmo uma sacolinha de plástico com alças de tecido azul. Sua sacolinha era quase como uma bússola a orientá-la toda a vez que acordava e começava a interagir com a sociedade. Quando as pessoas a olhavam, ficavam logo intrigadas com a sacolinha. Ela carregava bolsa, mochila ou pasta. Tinha vezes que puxava até uma mala. Mas nunca deixava de carregar pela mão a sua sacolinha de plástico com alças de tecido azul.
Um dia, estava eu sentada num banco de praça quando vi a moça da sacolinha passar. Resolvi me levantar e ficar mais próxima a ela pra ver o que tinha de tão especial dentro daquela sacolinha! Foram necessários 15 minutinhos para que eu desvendasse aquele mistério! Ela carregava rótulos em sua sacolinha de plástico com alças de tecido azul. Sim, você entendeu bem: rótulos daqueles que rotulam mesmo!

Fiquei a uma distância segura (não queria que ela desconfiasse do meu interesse) e vou lhes contar como descobri que se tratava de rótulos.

A moça dos rótulos encontrou com outra mocinha que lhe disse que vendeu o carro dela porque prefere andar em transportes públicos e observar as pessoas. Antes de falar qualquer coisa, abruptamente a moça dos rótulos tirou um rótulo de sua sacola e colou no braço da mocinha: "FICOU POBRE".

Pouco depois ela encontrou um colega dos tempos de escola, um rapaz bem arrumado e cheiroso, vestindo uma camisa salmão e, antes que ele pudesse  pronunciar um olá, ela tascou-lhe um de seus rótulos: "MEIO GAY".

A cada contato social ou observação ao seu redor, ela sacava um rótulo de sua bolsinha e punha em alguém. Depois desse dia, soube de várias histórias dela e da sua sacolinha de plástico com alças de tecido azul. Houve uma vez em que ela colou "VAGABUNDO" em alguém com quem cruzou no calçadão da praia só porque era uma segunda-feira e o inofensivo cidadão estava de sunga e havaianas. Ela não se emendava, usava todos os tipos de rótulos que você pode imaginar - "PIRANHA", "SAPATÃO", "CAFONA", "ÏGNORANTE", "INGRATO". Surpreendente a destreza com que aplicava os rótulos nas pessoas. Coisa mais que normal pra ela.
Certa vez, a moça chegou ao cúmulo de rotular o marido de uma mulher bonita que passou de “corno"! Por quê?- Pensei. “Porque se ela anda tão bonita por aí, pra agradar o marido é que não deve ser.”

E assim seguiu a moça dos rótulos: rotulando tudo e todos que passassem na sua frente. E se você acha que essa história tem alguma lição de moral, ou que a moça tem um final infeliz, está enganada!
A moça da sacolinha de plástico com alças de tecido azul sentia-se muito feliz e satisfeita com sua bolsinha de rótulos e tinha amigos (pelo menos ela os considerava assim) que se divertiam ao lado dela quando ela distribuía seus rótulos, incentivando-a e contribuindo com opiniões.

A moça dos rótulos acumula inimigos, mas ela nem liga. Prefere continuar na distribuição preconceituosa e hipócrita de seus rótulos. Aqueles que ficam em sua sacola de plástico de alças de tecido azul.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tributo ao amor de verdade



Sempre quis escrever sobre um assunto recorrente em meus pensamentos, mas nunca tive coragem. Achava que não seria capaz de me expressar, ou que poderia ser julgada erradamente. Pensava também que poderia parecer hipócrita ou pretensiosa. Temia cair numa enorme colcha de clichês. Não estou certa de que essas coisas não acontecerão, mas sei que hoje me enchi de bravura e resolvi me aventurar a expor meus pensamentos.

Fidelidade é o assunto.

Quando eu era uma menina, entrando na adolescência, comecei a me interessar por rapazes pelo simples fato de estar curiosa e ter os hormônios da idade me impulsionando a experimentar. Não ligava se era namoro ou não, não pensava na importância do compromisso, não queria aliança, nem casamento. Não fazia planos e nem tinha um modelito de vestido de noiva rabiscado. Sabia unicamente que queria ter filhos, pensava em nomes e que queria pessoas interessantes por perto pra compartilhar minhas ideias e perspectivas.
Como a vida não tem a exatidão da matemática, tive logo namoros cheios de compromisso. Casei-me muito cedo e tive filhos sem sequer avaliar muito o tamanho da responsabilidade. Sabia somente que era algo grande que iria ocupar-me e encantar-me. Ou seja, todos aqueles compromissos e planos de futuro que não fiz, acabaram acontecendo em minha vida. E como nada foi muito pensado (confesso aqui certa impulsividade afetiva no estilo vamos-nessa-sem-pensar-muito-no-que-vem-depois), nunca pensei muito no que estava vivendo. Nunca me esmerei muito nas DRs (= Discutir Relação) , pois apesar de achá-las necessárias, no fundo acho-as improdutivas.Não levam a nada. Nunca pensei muito nas tragédias de uma relação, como o sofrimento trazido por uma traição, ou o final gelado de um relacionamento imposto por uma das partes envolvidas. Essas coisas eram pra mim histórias quase fantásticas que eu ouvia de parentes, no trabalho ou no salão de beleza. Jamais considerei a hipótese de vivê-las. A essa altura você deve estar, logicamente, me considerando ingênua ou mesmo alienada. Rótulo bem posto. Provavelmente sou mesmo. Ou, talvez não tenha tido tanto tempo e oportunidade de ter vivenciado situações que me ensinassem mais do que sabia e do que possivelmente sei.

Hoje, me dou conta da enorme gama de opções que existe em um relacionamento. Também me dou conta das inúmeras possibilidades do amor (não que eu saiba de todas, muito pelo contrário) e de suas implicações. Passei a considerar hipóteses sem defini-las ou colocá-las no campo do drama fantasioso. Acho que eu saí do mundo idealizado e comecei a enxergar a natureza humana de maneira mais real. Foi assim que me dei conta da humanidade de certos sentimentos e desejos. Do sentimento de culpa das pessoas quando se sentem divididas, em dúvida, ou quando  hesitam ou oscilam em relação ao que sentem e por quem sentem. Deparei-me com a complexidade e subjetividade do significado da fidelidade.  Ao mesmo tempo em que essa palavra nos remete à ideia de compromisso e firmeza de caráter, a mim, fidelidade lembra transparência - o que torna o tema ainda mais complexo.

O que é ser fiel?  É não trair a pessoa com quem se tem um relacionamento amoroso? E o que é trair? É ter contato físico com alguém diferente do seu parceiro(a)? É beijar, abraçar e fazer sexo com um terceiro? Se for, relacionar-se intimamente com alguém pela internet não é traição, é? E se o seu marido ou mulher deseja vigorosamente alguém a quem admira, em quem pensa, a quem procura pra conversar e com quem ri, mesmo sem um contato físico tão íntimo? Não é traição, é? Mas dói. Dói de imaginar. Então (in)fidelidade é caracterizada por sentimentos e não por fatos concretos? E se o parceiro ou parceira não nos trai, é absolutamente fiel, mas nos dá uma estranha sensação de que está do nosso lado sem querer, desejando estar ao lado de outrem? A fidelidade neste caso vale à pena?

Não estou aqui fazendo apologia aos relacionamentos abertos e incitando ninguém a trair ou a aceitar a traição. Só estou compartilhando questionamentos e tentando dimensionar o que sentimos e o que vemos. Sou pela transparência de sentimentos e atitudes e é por isso que escrevo sobre este assunto. Que equilíbrio delicado este: ser fiel ao parceiro(a) nas atitudes e também nas emoções - ser fiel de corpo e de alma!

O tamanho da traição é o tamanho do nosso sofrimento quando dela sabemos. Bem como a fidelidade (ou infidelidade) tem o tamanho do nosso amor. Disso eu tenho certeza. Como também tenho certeza de que fidelidade e lealdade não são equações aritméticas  e ensejam muitas variáveis. Acho que o primordial é a certeza do sentimento recíproco e do amor correspondido na relação, mesmo que em sintonias diferentes ao longo do tempo. Fidelidade é não enganar. Sim, ser respeitoso e transparente em relação ao outro. E, principalmente, ser leal. Não mentir quanto ao que sentimos pelo outro.
Mas há que se ter cuidado. Quem nunca pisou na bola? Quem nunca se propôs a parar de fumar e roubou um cigarro de alguém? Quem nunca abriu a geladeira pra roubar um doce quando estava sob rigorosa dieta? A traição pode ser acidental e a lealdade ao outro e ao que se sente estar intacta. Não acho que aceitar o erro do outro seja fácil e nem prazeroso. É difícil e bem duro! Mas o fundamental é pesar o que vale mais em nossas vidas e valorizar o que se tem nas mãos. Se não for perfeito, superemos o erro. A vida não se desenrola assim?

Portanto, sem hipocrisias, nem radicalismos, ser fiel é mesmo respeitar quem se ama, viver junto onde até quando houver afeto que sustente a relação e, se houver qualquer tipo de infidelidade, ser capaz de admitir (talvez somente pra si mesmo)  o erro e reconhecer naquela pessoa o objeto do seu amor e da sua dedicação.É ser leal.
Fidelidade é o tributo diário que se faz ao amor de verdade. E recompensa tanto a quem o faz quanto a quem o recebe! Eu garanto!

domingo, 28 de agosto de 2011

O NORMAL DE UM DIA ANORMAL (Saindo da caixa)

Há dias na vida da gente que são de uma normalidade absurda, e outros, absolutamente atípicos. Alguns desses dias inusitados são daqueles em que tudo dá errado e dos quais não gostamos nem de
nos lembrar. Outros são tão surpreendentes pelo seu ineditismo, que queremos mantê-los vivos em nossas memórias.
Mas há uma terceira categoria de dias anormais - aqueles que, nem péssimos, nem incríveis, nos provocam reflexões, questionamentos e, de certa maneira, mudam para sempre algum tipo de conceito que você já tinha abraçado de forma definitiva. 
Sábado passado foi um desses dias.
 Pra começar, eu não estava na minha cidade, nem no meu país e muito menos falando a minha língua - estava em Londres, o que por si só já tira a normalidade habitual dos meus dias. Para completar,  em uma reunião profissional que prometia ser normal, conheci um homem também normal. Aparentemente. E o que conto depois, tornou aquele meu sábado o mais subjetivamente anormal possível.

O homem simpático, doce e educado de trinta e poucos, na verdade se tornou homem há quatro anos somente. E eu não desconfiaria disso se ele não me contasse. Para mim, se tratava de um cara normal, com um jeito às vezes "meio afetado" (vejam só que loucura é o comportamento humano!). Nada de tão anormal assim.

Conversando comigo, ele me contou da sua vida e da dificuldade de ter sempre vivido em "um corpo errado". Na verdade, ele nasceu ELA e nunca se sentiu à vontade no seu corpo de mulher. Nunca se interessou por homens e nunca se identificou com a imagem  feminina. Não se via uma mulher. Ser lésbica não o contentava. Para ele, ele era um homem que pensava e agia como tal.

Um dia ele conversou com sua mãe que, mostrando-se compreensiva e aberta, o apoiou na decisão de mudar de sexo. Assim sendo, ele extirpou seus seios, mudou certidão de nascimento e identidade
e passou a tomar testosterona regularmente. ELA havia então se  tornado ELE.

Depois de alguns minutos de perplexidade com a revelação,   aproveitei a rara oportunidade e anormalidade da situação para bombardeá-lo com minhas dúvidas, curiosidades e indagações.
Pretensiosamente, estava ali tentando entender e fazer um julgamento de sua vida, com uma presunção ainda maior de poder, quem sabe, ajudá-lo a se entender melhor! Quanta prepotência
minha! Quanta subjetividade há neste tema!

Depois de longa conversa, não sei se o ajudei tanto quanto a minha vaidade imaginou, mas sei que ele me ajudou muito a "pensar fora da caixa", a entender melhor o que dificilmente terá um dia uma explicação exata e racional - a sexualidade humana.

O que leva um ser humano a desejar outro? Por que algumas pessoas se sentem atraídas pelo sexo oposto? Por que este comportamento é considerado o normal? Por que outras pessoas querem alguém do mesmo sexo ou até mesmo dos dois? Qual é o verdadeiro propulsor do desejo humano? O que catapulta a nossa felicidade?
Será que alguém que nasceu e cresceu em um corpo que não lhe trazia contentamento encontra felicidade numa transformação tão radical? Será que tentar agir de acordo com o seu corpo original poderia tê-lo feito mais feliz? Um homem com ovários se sente normal? Uma mulher com nome de homem e barba se sente parte legítima da sociedade?
Obviamente não encontrei todas estas respostas na nossa conversa. Não tenho tanta certeza de que algum dia alguém as encontrará.
Mas sei que conhecer alguém tão especial, me fez ver que tudo é possível e que a felicidade não é um julgamento que eu ou você possamos fazer do alheio! A felicidade é o eterno clichê que esperamos alcançar.
E, cá entre nós, vou lhes contar um segredo: o meu novo amigo transgendered é tão humanamente normal e alegre que me fez esquecer o quanto a vida pode ser complexa e me lembrar que momentos felizes surgem em situações banais como um fim de tarde
de verão num pub em Notting Hill.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

NORMAL,EU?

Para começar esse papo, descobri que as definições de "normal" são imprecisas, o que nos faz ficar cabreiros em relação ao nosso grau de normalidade.
Quando duvidei da minha normalidade, minha primeira providência foi buscar o significado do adjetivo (ou a palavra passou por um upgrade gramatical e já tem status de substantivo concreto?) no dicionário e uma das definições que achei foi:"adj m+f normal (normais [nɔr'majʃ] pl) 1 que é como os outros". Ou ainda "regular, habitual". Ahn??? Achei impossível ser só isso!! Muito amplo e pouco específico! Inconformada, continuei a buscar lago que me confortasse e satisfizesse, mas acho que as coisas só pioraram - "conforme à norma, exemplar, modelar". Exemplar?? Ser como os outros é ser um modelo? É dar um exemplo? Que outros? Quem me garante que "os outros" são merecedores do rótulo EXEMPLAR?
Foi então que descobri, com uma dose de angústia e outra de alívio, que ser normal é algo de uma subjetividade imcomparável, só perdendo para a subjetividade da percepção em si. Como conseguir ser normal? Quem é normal? É bom ser normal?
Diante de tamanha confusão mental e ávida por tentar me posicionar nesse mundo de (a)normalidades, iniciei um processo interno de testagem - um verdadeiro quiz mental.
Criei padrões, faixas de resultados e não cheguei a conclusão nenhuma. Quem pode padronizar sintomas tão diversos e subjetivos?
Quem nunca voltou em casa para se certificar que realmente fechou a porta ou desligou o forno? Eu já!
Quem nunca acordou com uma sensação real de que algo muito ruim ia lhe acontecer naquele dia se saísse de casa?? Você nunca!? Que sorte, eu já!
Quem nunca achou que estava infartando ou tendo um AVC quando na verdade se tratava de enxaqueca ou dor muscular? Nem responderei mais.. Você já deve imaginar minhas respostas!
Quem nunca perdeu algo importante por ter guardando num lugar seguro pra não esquecer? Quem já teve sua senha bloqueada de tanto errá-la ao digitar, e, por jurar que não ia esquecê-la, não a ter anotado?
Quem nunca amou muito ontem e hoje se sentiu indiferente a tudo? Quem evita pisar nas listras pretas do calçadão?
Quem, ao pensar na própria vida, se sente o protagonista de um dramalhão mexicano com final duvidoso?
Quem nunca ferveu a chupeta do seu bebê até derretê-la pra evitar bactérias? Quem nunca quis ultrapassar um completo estranho no trânsito só porque ele o ultrapassou antes?
Quem nunca largou a chave do lado de fora da porta? Quem nunca chorou copiosamente e, meia hora depois, riu e indignou-se por não saber o porquê de tal choro??
Quem nunca se sentiu excluído de um grupo ou conversa sem a menor razão concreta para tal? Quem nunca cogitou ao menos em cortar relações por conta de política, futebol ou religião?
Quem nunca teve uma "visão"?
Quem nunca entrou num avião certo de que aquele avião ia cair?
Quem nunca teve pequenos surtos e quebrou algo propositalmente?
Quem nunca teve um surto passageiro "de celebridade" se achando realmente importante pra mais do que 1 ou 2 dúzias de pessoas??
Diante de tantas indagações, muitas dúvidas, e a subjetividade da vida, prefiro ficar com a premissa de que NÃO SOU NORMAL.

Afinal, como diz um profeta velho conhecido de todos nós, "de perto ninguém é normal".
 
(PUBLICADA NO JORNAL A GAZETA EM 21/08/2011)

sábado, 6 de agosto de 2011

É A VIDA QUE NOS OCUPA OU NÓS OCUPAMOS A VIDA?




Quantas vezes nos pegamos reclamando do sem-número de coisas a fazer num único dia de 24 horas. As mulheres especialmente.
Mulher tem uma capacidade quase sobrenatural de se atribular - de açambarcar diferentes atribuições para si. Coisas de seu gênero.

Nós mulheres - alfa ou não - acordamos já preocupadas com o cardápio do almoço (mesmo quando não vamos comer em casa), com o bilhete da agenda escolar dos filhos, com aquela conta que não pagamos no dia certo, com o check-up médico que está atrasado e até com a vistoria do carro!
É um sem-fim de itens ocupando a nossa lista cerebral permanente! Isso gera ansiedade, mal estar e culpa!
Já houve vezes em que eu quis acordar no meio da noite pra anotar e-mails que eu deveria mandar e ligações que eu deveria fazer. Infelizmente, achei que abrir os olhos, acender o abajur e fazer anotações no meio da madrugada seria um surto quase psicótico, e tentei continuar a dormir. Equívoco. Talvez as anotações me tivessem servido como calmantes naturais ou mesmo ansiolíticos-tarja-preta e me tivessem feito dormir mais tranquilamente. Não anotei nada e não dormi mais.
Assumimos compromissos com a nossa família. Natural. Prometemos coisas aos filhos. Instintivo. Tentamos resolver ‘pepinos’ de nossos pais e parentes queridos. Tentamos agilizar as coisas no trabalho, pois nos obrigamos a ser eficientes e a nos destacar no ambiente profissional sempre que possível. Mesmo quando fingimos não ligar, todas nós sabemos o quanto queremos o nosso reconhecimento e glória!
Já ia me esquecendo! Temos um compromisso irremediável com a sociedade! Por mais que digamos que não, de alguma maneira estamos comprometidas. Queremos dar aos filhos os gadgets modernos que eles nos pedem porque muitos de seus amigos já os têm ou porque viram  propaganda na TV; queremos também comprar a bolsa, o sapato ou o relógio da moda, simplesmente porque os vimos em outras mulheres (em revista, internet ou pessoalmente) e adoramos! Em outras palavras, temos que ter tempo também para lutar pelos nossos objetos de desejo. Sem crítica nem sarcasmo. Somos mulheres vaidosas, mães que amam e querem satisfazer os desejos dos filhos e, sobretudo, somos humanas!
E tem mais! Temos uma casa pra administrar e um parceiro (considerando-se aqui a possibilidade de ser uma parceira!) para dividir nossas horas de lazer. Isso se nós não trabalharmos com os nossos parceiros na mesma empresa ou negócio, o que torna esse assunto ainda mais sério (mas isso é um capítulo à parte para uma outra ocasião!).
A administração da casa é tão fundamental que jamais imaginamos deixá-la para segundo plano. Fazemos compras, pagamos contas, orientamos empregados e idealizamos pequenas e grandes modificações e reformas. Além de organizar almoços, jantares e lanchinhos para amigos dos filhos! Sem falar nos hábitos femininos que tentamos manter como pintar cabelo, fazer unhas e depilar. Afinal, autoestima em dia é parte integrante do nosso equilíbrio físico e mental. Físico? Sim, temos que nos exercitar, nos manter em forma, pra saúde e pra aparência. Quando não o fazemos, carregamos a culpa do mundo! E assim seguimos com o nosso dia a dia.
E o parceiro, namorado, cônjuge ou seja lá o que for?
O nosso tombo é aqui. De todos os itens da nossa lista, dedicar um tempo ao romance, ao carinho, à parceria no lazer, ou à troca de experiências e aconselhamentos mútuos, deveria ser um item inadiável e irrevogável no dia ou ao menos na semana. No entanto, nós mulheres nos sobrecarregamos e deixamos "pra depois" , ou seja, deixamos pra segundo plano o momento do afeto, da manutenção da afinidade  e da parceria cotidiana.
Vida afetiva não se adia.
Uma conta pode atrasar, um filho pode ir pra creche sem a orientação adequada na agenda, a casa pode ficar sem pó de café, a pesquisa de preço na internet pode ficar pra depois, o telefonema pro parente também pode esperar. Mas não o exercício do carinho e do amor compartilhado.
Esse momento aparentemente à toa, vendo televisão junto com seu parceiro, comentando um filme, tomando um vinho, rindo de bobagem ou  mesmo jogando videogame juntos, pode render a nós mulheres mais leveza, mais saúde e até mais beleza!
Priorizar nossa lista de afazeres é um exercício fundamental. E reservar um tempo sagrado pra prática da carícia e do ‘ócio a dois’ deve ficar no topo dessa lista, mesmo quando aparentemente esse tempo pode esperar.
Não podemos nos atribuir um milhão de coisas atabalhoadamente sem ter tempo nem pra pensar no porquê de estarmos agindo assim. Ocupar nossas vidas de modo que inconscientemente não tenhamos tempo de questioná-la é delegar nossa felicidade ao cumprimento daquela nossa lista cerebral permanente. Não dá pra ser desse jeito. Simplesmente não dá.
A vida é que deve nos ocupar, na medida das nossas necessidades, mas também (e principalmente) das nossas preferências e prioridades.
A vida deve nos preencher com argumentos de felicidade, bem estar e prazer. E é esse o objetivo que deve vir sempre nos cinco primeiros (pelo menos) itens daquela nossa velha conhecida lista.

sábado, 23 de julho de 2011

PARA MULHER ALFA, HOMEM ÔMEGA

O problema não é ser mulher alfa. O problema é saber quem é o homem para essa mulher.

Enfim, quem tem uma convivência de sucesso com esta nova mulher?

Até pouco tempo não tinha muita ideia do que era uma mulher alfa. Até que um gringo australiano que se intitulou meu primo, escreveu no meu perfil da rede que eu deveria ser uma mulher alfa, mesmo sem entender os meus posts em Português..

Fui então pesquisar.

Pra mim eu era (eu sou) uma mulher que gosta do que faz, que precisa fazer, mesmo que não quisesse, e que tem os mesmos anseios básicos de qualquer mulher da mesma idade.

Até que li sobre a mulher alfa e entendi que ela é a mulher que chegou depois de tempos de submissão, alienação, subjugação, libertação, radicalismo e feminismo. Tudo em excesso.

Ela segue o processo irreversível de mudança, ocupação de espaços e crescente posicionamento na sociedade, mas parou para se olhar no espelho.

Parou pra passar rímel, fazer pilates e colocar unhas de silicone. Parou para experimentar  uma receita e também para comprar na liquidação. Parou pra fazer carinho, parou pra dar beijinho!

A mulher se deu o direito de sonhar. Entrou em alfa!

Sonha com um corpo atraente, com um final de semana em família. Sonha com sábado na praia e com um jantar romântico. Tem coragem de sonhar sem medo de rótulos, mesmo que alguns de seus sonhos não se realizem nunca!

Ela é alfa porque tem a coragem de romper com o compromisso de ter que ser sempre forte, autônoma, independente, super mulher.

A mulher alfa parece ter super poderes, mas reconhece suas fragilidades e pontos fracos. E lida bem com isso!

Ela não tem medo de parecer patética, nem antiquada. Ela não se envergonhará se precisar lançar mão de um clichê para ser feliz.

Ela tem a bravura de ser a primeira! E isso é o mais admirável nessa nova mulher - é forte,  multifacetada, criativa e pró-ativa, mas não deixa de ser feminina, mulherzinha e nem de ter seus momentos ‘roberto carlos’ (ou ‘fabio-junior’).

A carência é admitida em sua vida, sem fobias.

A mulher alfa não se importa de pagar a conta, mas também não faz questão disso. Ela não precisa nem quer disputar lugar com ninguém. Ela já sabe o que ela pode e o que ela quer.

E quem quer esta mulher?

Sabemos que ela pode não ter limitações de gênero e que ela é alfa esteja com quem estiver. Como fica então o homem em toda essa revolução de costumes e crenças?

 Quem é ele? Qual o seu papel? Do que ele gosta e o que ele quer?

Bem, podemos não saber ao certo do que ele gosta ou quer (talvez nem ele mesmo saiba!) mas sabemos do que ele precisa.

Ele precisa ter sabedoria pra compartilhar os sucessos dela e certa humildade para admirá-la. Idealmente deve ter orgulho dela e precisa apoiá-la, dar-lhe colo, suporte e limites (no ótimo sentido) pra que ela não perca o que a diferencia dele. Ele precisa ser o que falta nela e reconhecer que ela o enriquece e complementa. Ele tem que ser forte e frágil, tradicional e moderno.

Ele deve deixá-la percorrer todo o alfabeto e esperá-la no final, de mãos estendidas. No início e no fim deste percurso.

Sempre.
E juntos.

Acho mesmo que ele precisa ser um homem ômega, daqueles que permeiam o sono de toda a mulher.

Homem ômega para a mulher alfa. E tenho dito.

Bia Willcox
www.editorafaces.com.br

sábado, 9 de julho de 2011

Decepção:
O bolo que solou.
A ejaculação precoce.
A morte súbita.
O alarme que não tocou.
O caráter fraco que se desvendou.
 http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2238948918196986409

O amor é puro? Reformulando a minha pergunta: existe o sentimento do amor pelo amor, sem quaisquer acessórios de fábrica que o deixem mais brilhante, mais vibrante, mais sofisticado? E mais: esses adendos deixam o amor menos amor? Sempre me questionei sobre até onde vai o amor e aonde entram os múltiplos interesses humanos que podem interferir neste sentimento.

Mas, nesta semana, essas questões ocuparam mais tempo do meu pensamento, pois encontrei com uma conhecida que me disse estar noiva. Imediatamente lhe perguntei:
“Está apaixonada?” E ela: “Sim, sim. Mas a palavra que melhor define o que sinto
é uma enorme segurança e carinho.” Ok! Segurança não é amor. Nem carinho. Mas ela estava feliz, com os olhos brilhando.

Então a sua felicidade (a dela) se deve a ter arranjado um marido-pai-banco-guarda-costas a quem ela não ama? Ou ela ama sinceramente o seu noivo e, principalmente, pelo fato de ele lhe dar carinho e segurança? Como equilibrar essa equação aparentemente simples? Tenho tentado ser simplista. Minimalista mesmo. Tenho tentado montar axiomas cotidianos na minha cabeça que me permitam encontrar luzes no fim dos túneis nossos de cada dia, sem precisar recorrer à psicanálise, centro espírita ou tarólogo.

Hoje, vejo as coisas sob um prisma mais aritmético: o amor é amor e se torna mais amor ainda quando tornar os nossos momentos leves, felizes e nos fizer desejar repetí-los. O amor é amor quando conseguimos ser nós mesmos, sem medos, cuidados excessivos ou dramatizações. O amor é amor quando vemos no outro um conjunto de possibilidades alegres, bem-humoradas e que resultem em algum tipo de crescimento – intelectual, emocional, profissional ou material (por que não?!) – para nós.

Sem medo das palavras, quando amamos, somos interesseiros. Queremos algo
que não conseguimos sozinhos. Queremos um complemento, uma melhoria.
Selecionamos o que queremos amar. Racionalizamos este acontecimento dentro de nós para que ele seja mais amplo e maior em possibilidades. O amor, então, passa a ser maior e mais complexo que a sua essência. Se torna um conjunto de fatores agregados a ele que nos permite perceber o tempo juntos como algo que traz ganhos para nós mesmos. E que nos possibilite sentir “empatados” com o outro, já que também oferecemos ganhos nesta troca afetiva. São os famosos interesses (de naturezas diferentes) mútuos.

Amar, então, é uma troca de interesses positivos, interesses do bem, que tornam
as pessoas em questão mais felizes, satisfeitas e quites umas com as outras, desde que seja sentimento correspondido – com interesses e intensidades correspondidos também. E quem tem algo a ver com isso?
(*) Bia Willcox
Publisher, Palestrante e Conferencista – Diretora Executiva da Editora Faces
www.editorafaces.com.br – contato@editorafaces.com.br

domingo, 8 de maio de 2011

AS MÃES QUE EU CONHEÇO

Era uma vez uma mãe muito especial, daquelas mesmo especiais, que conseguem dar colo a toda a humanidade se preciso for. Daquelas que têm crenças e abrem mão de todas elas pra estar do lado de suas crias. Daquelas que vibram, choram, riem, batalham e apóiam tudo o que seus filhos e afins determinarem pra felicidade deles. 
Essa mãe que eu conheci era a certeza do aconchego a qualquer hora.
Essa mãe parecia frágil mas foi a luta quando precisou, empreendedoristicamente, produzindo arte e artesanato pra vender. Essa mãe tinha sempre um banquete pra quem chegasse, mesmo com a grana curta. Essa mãe sofria com medos e somatizações, mas se munia de força sobrehumana para superá-los todos, quando se tratava de estar do lado dos seus.
Essa mãe fez outras mães maravilhosas que com ela aprenderam a se doar aos seus filhos e a quem mais precisar.
Essas mães me ensinaram a ser mãe. 
E me ensinaram mais:
Não é uma grande vantagem ser mãe especial com seus próprios filhos. O grande desafio é usar toda essa capacidade de aninhar e apoiar, usar todos os atributos maternais com seus filhos e com quem se chegar, com quem quiser. Ser mãe 24h por dia com seus filhos é fazer sobrar pra quem estiver em volta!
Maternidade é atitude; maternidade é amor incondicional; maternidade é saber o que o outro sente antes mesmo dele se dar conta.
Maternidade é acertar errando. É errar sabendo que o erro com amor é mais proveitoso que o acerto imparcial, distante e isento. 
Maternidade é alertar sobre o buraco à nossa frente, mas se não tiver dado pra desviar, é socorrer da queda e cuidar das feridas.
Maternidade é ser assim com os filhos, os netos, os pais, os amigos e quem mais vier.

Essa mãe a que me refiro é a minha avó materna com quem comecei a aprender a ser maternal. 
Minha homenagem sincera e emocionada a vovó Zélia, minha tia querida, minha madrinha e minha mãe, que tanto me ensinam a dar maternidade. Sempre.
Meu orgulho dessas Duncans que eu tanto amo.

sábado, 5 de março de 2011

O que pode não ser feito

Por que nós humanos vivemos uma existência tão contraditória?Muitas das pessoas que se preparam pro carnaval e se animam com os blocos cariocas, esperam mais do que sexo barato (e nem por isso menos bom) por uma ou duas noites. Esperam um quê de Hollywood em suas vidas. Esperam ligação no dia seguinte, esperam respeito e admiração. 
Carnaval é instinto. 
Carnaval é carne, musculosa ou flácida, mas carne.
Lembrar de que ao final do bloco?
É viver as sensações, o possível prazer e isso basta.
Se a entrega (ou não) a completos estranhos dá prazer, por que conhecê-los melhor?
Por que não cristalizar a auto-estima no momento da festa e aproveitar o máximo que puder?
Sei que se conselho valesse algo, não seria tão banal, mas aí vai:
Se a disposição de fazer valer o momento sem quaisquer expectativas ou desejos a médio prazo estiver firme, vá e frente e pegue um monte. Sem dó nem piedade.
Se há qualquer hesitação ou lampejo de racionalidade, não faça. Na dúvida não faça.
Acredite-me: "melhor se arrepender do que fez do que daquilo que não fez" é um clichê que não corresponde à natureza humana das culpas e arrependimentos.
Tentemos ser coerentes e  menos contraditórias.
Na dúvida, melhor se arrepender do que não se fez do que daquilo que se fez (e que nem foi tão bom assim que justifique). Acredite-me. Sua auto-estima agradece.



sábado, 19 de fevereiro de 2011

ALGUÉM DESCOBRIU A VERDADE


Era uma vez um alguém. Não interessa quem. 
Ou se era homem ou mulher. 
Só sei que era Alguém.
O interessante é saber porque a história que vou contar é sobre Alguém.
Alguém mentia. Parecia gostar disso.

Mas não temos certeza se era uma questão de gosto, de hábito ou de necessidade.

Sabemos que Alguém contava mentiras. 
Desde pequenino era assim: Alguém era arteiro, levado, cativante.
E mentia.
Mentia com jeito de quem tá fazendo um carinho ou dando um presente. Alguém mentia pros pais, mentia na escola, mentia na prova, mentia na vida.
Mas Alguém também contava verdades. Ele gostava de seguir regras. Ele sentia prazer na honestidade das atitudes. Então por que mentia? 

Não sei se por gosto, hábito ou necessidade.

O tempo foi passando e Alguém foi conquistando seu espaço na vida. Alguém era vivo, alegre e sagaz. Alguém conheceu outro alguém e se apaixonou. Alguém se apaixonava com frequência. 

Não sei se por gosto, hábito ou necessidade. 

As  paixões mesmo que mentirosas, se tornavam paradoxalmente verdadeiras para Alguém.
Amor era verdade para Alguém. mesmo que não fosse.
Sabia que, quando mentia, o que dizia soava como música-para-voar. 
Alguém acreditava que a mentira era doce e amiga e que se dissesse a verdade, o mundo ao seu redor se tornaria feio e cinza. 
Para Alguém, a verdade era mesmo fumaça. A mentira era o seu céu azul.
Com isso, Alguém foi levando sua vida, acreditando que as mentiras que contava propagariam bem estar e felicidade a todos ao seu redor.
O problema foi quando Alguém começou a confundir seus pensamentos. 
Começou a achar que a verdade era mentira e vice-versa. Começou a ter crenças embaçadas de que tudo era relativo e de que a verdade podia ser mentirosa.
Que loucura foi se tornando a vida de Alguém.

Não se sabia se era por gosto, hábito ou necessidade.

Era notório que ele entrelaçava suas mentiras no rol de verdades cotidianas que presenciava.
Com isso, Alguém foi ficando com medo da insanidade que se aproximava. 
Medo de se perder em suas histórias e não saber mais diferenciar ficção de realidade. Começou a achar que ficção podia ser real e realidade ser somente fantasia. 
Alguém queria anestesia. 
Alguém não queria ninguém que lhe apontasse as diferenças entre verdade e mentira.
Alguém decidiu fugir. Alguém decidiu escapar de si mesmo. 

Acho que não por gosto ou hábito, e sim por necessidade.

Alguém amou, viveu, procriou, se divertiu e divertiu alguéns e jamais conseguiu deixar de mentir. 
O problema é que Alguém envelheceu.
Alguém começou a esquecer-se das coisas. Esquecia o que via, ouvia ou dizia. Sua memória foi ficando cada vez menor.
Convenhamos que para alguém que não se lembra bem, uma opção é melhor que duas, pois não confunde ninguém. 
A verdade da mentira ou a fantasia da verdade?
Eis o nó.
Alguém não percebeu a confusão que mentiras entranhadas em verdades podia causar!
E aconteceu o que você está imaginando.

Alguém se perdeu.
Não sabia mais o que havia dito no dia anterior. Não lembrava de nada nem de ninguém. Ficava confuso e atônito. Ficava culpado.

Não era por gosto nem necessidade. Culpar-se já era um hábito.

Se contavam a ele o que ele havia dito na véspera, ele fazia um esforço enorme pra saber se aquele fato era verdadeiro ou não. Ele queria saber se podia apalpar a verdade ou delirar na mentira.
Mas não conseguia. Se desesperava.
Não tinha a ajuda de ninguém, pois suas mentiras quase nunca eram compartilhadas. Eram muitas vezes solitárias, escondidas.
Alguém foi ficando cada dia mais triste. Mesmo aquelas suas mentiras que cativavam a todos, deixaram de iluminar o ambiente.
Alguém enlouquecia.

Não era por necessidade ou hábito. Talvez fosse por gosto. Não, não era gosto não. Era desespero.

Alguém caiu em descrédito. Ninguém mais confiava em Alguém. 
E para ser alguém na vida era preciso ter credibilidade.
Alguém era honesto e sincero. Acreditem-me. Contava mentiras com siceridade e crença.
Era genial (afinal, criava mentiras a toda a hora e as disfarçava perfeitamente por entre meias verdades ou mesmo verdades inteiras).
Mas a ninguém isso interessava. 
Só queriam saber da verdade.
Somente o fato de que não se podia confiar em Alguém pra nada, pois  mentia até quando não era preciso mentir pra agradar ou suceder.

Esse momento da história é a hora em que sabemos o final:

Alguém se perdeu de vez. 
Não conseguia mais distinguir o que existiu do que foi inventado. Não conseguia discernir nada. Alguém perdeu o controle de si. 

Certamente não por gosto, hábito ou necessidade.

Triste fim o de Alguém.

Calma.

Não é assim que a história de Alguém vai terminar. Apesar de todos os elementos apontarem pra este final nada feliz.
Eis a verdade:
Alguém toma uma decisão pois não tem mais nada a perder.
Mesmo sem que ninguém acredite, Alguém abole as mentiras e tenta, num esforço hercúleo, fuçar a realidade e retratá-la o mais verdadeiramente possível. 
Isso deu trabalho a Alguém que era viciado em mentiras afinal.
Passado um bom tempo, Alguém se torna um novo alguém . Todos lhe devolvem sua credibilidade e, mesmo sem memória, tem a confiança dos outros e de si próprio, já que o risco de não conseguir diferenciar suas mentiras acabou.
Alguém agora é respeitado e aclamado como alguém que conseguiu mudar.
Tocante.
O que ninguém sabe é o que Alguém descobriu em sua saga:
Alguém agora sabia que tudo poderia ter sido mais fácil,
se desde o princípio ele soubesse,
que era uma questão de pintar a mentira com verdade. 
Verdade vira mentira e mentira vira verdade.
Matematicamente tudo pode ser mentira e tudo pode ser verdade.

Por gosto, hábito ou mesmo necessidade.
 
Sendo assim, Alguém virou verdade também.
 
Fim tão genial quanto foi a vida de Alguém.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Malandragem de Facebook


Autoestima baixa? Solidão?

Poste aquela foto sua de 2 ou 3 anos atrás. Aquela em que você  tá poderoso(a). Você receberá elogios e ficará com a sensação de que há uma fila esperando por você.

Quer mostrar que, apesar do tempo ter passado pra você, você um dia foi gatchinha(o)?

Digitalize aquela foto da juventude, mesmo que em preto e branco, e poste no Facebook. A valorizada de mercado será boa!

Recebeu um comentário em seu mural, mas não sabe o que responder?

Curta-o.

Recebeu um comentário, sabe o que responder mas tem preguiça?

Curta-o.

Quer chamar a atenção de alguém em especial? 

Não, não o cutuque. Ninguém vê muito isso. Vá nas informações sobre a vítima e poste um clip, uma citação ou algo que ele/ela goste e que chame a sua atenção (dele/dela). Depois de, é claro, curtir algo no mural dessa pessoa, para que seu post apareça pra ele/ela também.

Quer parecer culta?

Vá no Google, busque um autor, um clássico, um gênio. Poste trecho, citação e pronto! Você aparentará ter conhecimento "de causa".

Quer parecer informada?

Vá num jornal online - G1, Yahoo, UOL, publique um link com uma notícia fresca, poste e comente! Vai parecer antenadíssima.

Quer fazer um gênero simples, do tipo be yourself?

Poste algo simples, frívolo, cotidiano e despretensioso. Vai arrasar na sua intenção!
 
Quer ficar in no Facebook?

Comece a aderir a modas - ter avatar de personagens, avatar com foto da sua infância, avatar anti-corrupção, avatar de luto, avatar do tipo "I love RIO", publicações de duplo sentido e por aí vai. Você vai bombar!

Não quer que descubram a imensa solidão em que você vive na maioria do tempo em que está no Facebook?

Poste fotos suas com um grupão. Mesmo que tenha sido naquela situação aleatória e que você mal os conheça. Você vai aparentar ter vida real própria fora do facebook!

Quer mostrar-se em dia com os gadgets e com aquilo que a sociedade capitalista moderna exige de você?

Tire fotos do seu smartphone e poste no seu mural. Ter carregamentos móveis é um sinal de modernidade, de poder tecnológico! Aliás, poste qualquer coisa de seu smartphone - é um charme a mais..quem não quer?

Você ainda não tem um smartphone?

Compre um correndo. Se vira! Mude de plano, de operadora, entre em uma promoção ou divida em 12 vezes. Caso contrário, o que vão pensar de você no Facebook?

Está saindo com alguém? Quer assumir a relação com maior compromisso? Não sabe como abordar o assunto?

Vai no Relationship status e clique  "em relacionamento sério." Mas só funciona se ele/ela tiver um perfil no Facebook também! Você muda o status, manda a solicitação pra ele/ela e pronto! Alea Jacta Est. A sorte está lançada! Se ele aceitar, parabéns! Você achou um jeito fácil de driblar aquele momento "sincerão" - momento constrangedor que pode, muitas vezes, descambar pra uma DR e até pra um não-vamos-precipitar-as-coisas-vamos-dar-mais-um-tempo. Argh!!

Quer ser descoberta or pessoas legais e descoladas? 

Veja quem comenta no mural delas e as adicione. Se não tiver coragem para tanto, curta ou comente posts dele/dela. Nunca adicione diretamente o seu alvo. Fica parecendo fácil demais! Espere que ele/ela descubra você.

Quer movimentar o seu perfil?

Poste um tema bem polêmico! Religião, aborto, homofobia, racismo, política. Vai bombar!

Que tal um gênero?

Poste em outras línguas! Mesmo que você não seja fluente nelas. Who cares?



ADVERTÊNCIAS FACEBOOKEANAS:

Não fique muito tempo online no chat. Vai parecer que você não faz ais nada a não ser ficar no facebook. E sabemos que isso é mentira, né?

Não marque pessoas em convites e panfletos. Isso cansa os amigos!

Não mande mensagens de divulgação a toda a hora. Vai virar lixo sem nem ser aberta! Seja criativo na divulgação.

Cuidado com o que você posta em seu Facebook sobre os outros. 
Pode ser considerado preconceito em suas mais variadas formas, como o bullying digital, a homofobia, ou o racismo. 
Lembre-se de uma coisinha simples chamada print screen que transforma qualquer coisa em prova!
Já existem processos julgados por crimes/danos praticados em mídias sociais.

Conto com vocês para aumentar as dicas de malandragem no Facebook!